segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Tarde do dia 22 de novembro de 2013. Todos animados já na ida, no transporte - com exceção do motorista – que resmungou o tempo todo. Isso me fez pensar na importância das “escolhas”. É muito diferente quando realmente se gosta do que se faz, como nós, que resolvemos nos exercitar em nosso trabalho como atores por meio do palhaço atuando no hospital. Parece-me que importa menos se fazemos isso uma vez por mês ou por semana. Claro, há grupos de palhaços no Brasil e no mundo afora, que têm uma regularidade diária. Independentemente da frequência, o que eu gostaria de dividir nesse espaço hoje é, a percepção do “desejo”. Muitos trabalhadores detestam o que fazem. Que triste!!! Mas, voltemos a nós e a nossa “opção” de trabalho.
Estou pensando especialmente que havia uma energia bem diferente pairando no ar na última sexta feira, entre os membros da equipe de apoio (Ana, Carol e Pedro), visitantes (Lucas Nasciutti e Kárita) e palhaços: Só Brown (Deivid), Florisbela (Marcela), Lacques-Pier (Guilherme), Relim Tilli (Felipe) e eu (Clotilde Chiquérrima). Um trio para o lado e uma dupla para outro e tudo foi tão rápido que quando vi, já estava ali em um quarto pela primeira vez trabalhando em dupla com o Deivid. Foi surpreendente ver a magia dele que funciona para adivinhar os nomes dos pequeninos. É, é no simples que está muita coisa. Aprendo muito com você, menino grande! Ficar em um “yes” tanto tempo no meu violão “rosa choque”, ensinou-me muito mais do que qualquer música que eu pudesse tocar. Nossa, Só Brown, sua luvinha é um instrumento de percussão da hora. E o garotinho em pé no quarto que nos colocou num circo e que me deu como nome “palhaça”? Palhaça não é meu nome, nem sessenta anos é a minha idade – mas que maravilhoso ser provocada pela “criança”. Receber um “zero” na aula de Inglês e depois aumentar a nota para “dez” é jogo em potência e me arrebata!
Avalio que desdenhei “a regra” de não tocar com os beijos ou de não ir ao chão. Nesse “abuso” experimentei “o insólito”, como diria o bom e velho Brecht. Deivid, você tem razão, eu estive bem elétrica, podia até ter levado um “choque”! Tanto, que só hoje, três dias depois, consigo tentar escrever algo sobre. As palavras ainda me fogem porque o compartilhar da experiência, nesse momento, me aparece agora ainda, como tão impalpável quanto tentar segurar uma bolha de sabão. Mas ao mesmo tempo, não consigo calar que vivi uma sensação boa de autoconhecimento e de alteração. Não sei o quanto isso tem a ver com as condições mais localizadas daquele momento coletivo em sintonia e com a identidade de cada um. Não sei. Não sei. Não sei. Que bom! Que bom! Que bom!


Trabalho findo, muita fome. Um pedaço de bolo no refeitório. A pressa do motorista (anunciada na chegada) tornou a roda de conversa debaixo da árvore mais rápida do que desejávamos. Decidimos inverter o local do papo da próxima vez para o retorno (universidade e não hospital). Vamos ver, se essa tentativa de não ficarmos mais reféns do mau humor de um motorista rende!

Por Vilma Campos

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