sexta-feira, 30 de abril de 2010




Hoje ( sexta)...procurando palavras ainda: (( especial pedido de Prateleira))

Tive muito medo, quando a gente está mais só, ali...tem uma coisa na gente que quer sair correndo, ir embora e nem olhar pra trás...mas algo te faz respirar fundo e se concentrar no nariz e na coragem necessária. Se assemelha um pouco ao instante antes de pular de um trampolim. Medo, medo, medo, medoooooo. Levei a flauta contralto,antes de me preparar enrolei um pouco pra ver se o Dengo não me salvaria....nada...me vesti, e do lado de fora já comecei a tocar uma melodia romântica, olhando pras janelas de cima...ninguém aparecia. De repente começam a surgir rostos, muito bom....alívio.

A Lolól estava mais calada, e os jogos dela foram mais mudos do que de costume, estava mais sútil, mais augusta também sem ter que ser branca ali. Me senti mais próxima do que ela foi quando nasceu, minhas interações eram menores, mais imagéticas, o olhar era forte.

Muitas pessoas choravam, estive com uma mulher na janela, que chorava fundoo. Eu disse que não podia fazer nada se tinha nascido feia, não foi uma piada muito elegante mas ela mesmo assim sorriu, fiquei ali com ela um pouco e subi...

Na U.T.I pediátrica todos no sono quase, menos um bebezinho. O pai dele também quase chorou me contando do nada o seu histórico médico enquanto acariciava suas bochechas gordinhas com muito amor. Eu estava mais sensível ou as pessoas chegavam mais perto neste dia?

U.T.I adulta, visitei um amigo internado, ele se mechia muito, chorava, estava entubado....eu nem conseguir sustentar o nariz ali, tive que tirar e lidar com a situação de outra forma. Momentos em que o clown se dilui no meu do sentimento da gente.

Pediatria foi tranquila, até que uma criança chorou quando eu tocava flauta e a mãe brigou comigo....saí do quarto piando fino.

Resumindo...foi um dia de preciosos instantes, mas eram justos os mais contidos, que passavam mais desapercebido, só contando com a cumplicidade do clown e de mais alguém...e também foi um dia difícil pelo excesso de sentimentos compartilhados. Valeu...

sexta-feira, 23 de abril de 2010



Prateleira, Matéria, Lolól e Gueta ( pulou com o trem já tendo partido, fizemos uma preparação com uma brincadeira de sílabas, e fomos brincando. Pronto Socorro....socorrooooo; U.T.I pediátrica calmaaaa; U.T.I adulta...me sugou um pouco - já que visitei um conhecido internado lá. Os jogos foram ótimos de maneira geral, estávamos bem juntos, as pessoas estavam receptivas, afora uma criança que chorou de susto - o que acontece pela maquiagem e figura do palhaço...

O que ficou forte pra mim hoje foi a dureza da vida; a concretude da dor humana e ao mesmo tempo da generosidade, que faz com que as pessoas, mesmo sob as situações mais difíceis, brinquem e sorriam e estejam ainda ali tão abertas pra vida. Hoje o que fica foi isso...porque tem dias assim em que o palhaço doutor se sente um impotente diante da concretude da dor, e mesmo assim....brinca e ri.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Insegurança, medo e preguiça.

Sexta passada quando cheguei ao hospital me senti sozinha e desmotivada. Comecei a me arrumar respirei fundo e disse: o dia de fazer sozinha chegou.
Sai do vestiário, munida com minhas bolinhas de sabão (com medo) e quando estava quase virando a esquina avistei o Leandro. Ufa não vai ser hoje que eu vou sozinha.
Enquanto ele se arrumava, fiquei por ali, tomando Sol na "Lage", servindo de cupido pro "Tio que come gente", fazendo serenata.
Eis que surge o Dr. Dengo com duas bolinhas, perguntando se alguém tinha perdido. (risos).

Fomos à UTI Infantil e lá me dei conta de quanto tempo que vou ao Hospital. Como ele cresceu e tá bonito, havia uma enfermeira no quarto e ele se mexia pra olhar quem vinha chegando, com bolinhas fomos entrando de vagar no quarto, bonito foi ver a Tia Tati (como ela mesma se chamou) tentando fazer bolinhas pra ele. Detalhe: ela quase não conseguiu. E então o momento mágico que justifica tudo. Quando ela colocou a bolinha de sabão na mão dele, ele abriu um sorriso lindo e ficou segurando a bolinha.
Alguns pacientes que estavam na Pediatria haviam subido pra UTI, cantamos e fomos embora.

UTI Adulto. Como uma equipe diferente da normal estava calma demais. Havia uma mãe chorando, quando entrei no quarto vi que era uma criança. Como assim uma criança na UTI Adulto? Não ele tem 15 anos. Aguardei o desabafo segurando em sua mão, cantamos uma música dei um beijo e um abraço e me fui. Vi o Sr. Luis pelo vidro e comecei a conversar com uma enfermeira sobre os "casos" dos pacientes. Depois em reunião com o psicólogo o Lenadro/Dengo disse que se sentiu perdido quando eu comecei a conversar sobre o que os pacientes tinham com a enfermeira. Disse a ele que já não sofro por saber o que os pacientes tem (na UTI) e que pra mim até me ajuda a jogar com eles e com a equipe, já que muitas vezes discuto com eles o que é melhor pra cada paciente.
Na saída da UTI lá estava o Tião, sorridente e brincalhão como sempre, perguntando porque já estávamos indo embora.

Na Pediatria nos dividimos. Teve alguns momentos divertidos como dançar Michel Jackson (?) com o paciente, brincar de descobrir desenhos em nuvens, conversar sobre a vida dentro de um quarto, cuidando da filha há 3 meses. Palavras que confortam.

Depois reunião com o Chicão e rua.

Foi um bom dia, apesar dos pesares. Preguiça da Pediatria. Tô precisando de lugares novos
.

Ah! Eu sou Matéria.

A observação da observação. Reflexões sobre o trabalho.

Sexta-feira 09/04/2010.

Eu me sentindo mal fui só pra observar.
Observei que o Pronto Socorro é um espaço que os pacientes e acompanhantes precisam muito de nós Doutores Palhaços ou só Palhaços, há um jogo muito forte no corredor e esse jogo se estabalece muito pelo diálogo. É até bonito de ver aquele corredor todo cheio de camas, um aglomerado de pacientes, mas quando os Doutores Palhaços ou só Palhaços chegam, tudo muda. Os pacientes logo se levantam, riem, conversam, desabafam.Com os pacientes e acompanhantes é simples, posso dizer que até é fácil.
Com equipe a questão muda uma pouco, tem gente que se abre e assim que vêem os Doutores Palhaços/Palhaços já soltam uma piadinha, um pedido de dança, mas tem aqueles que fingem que nem nos vêem.
Passo a passo o Pronto Socorro vem sendo conquistado, cada vez mais e é muito, muito bonito de ver.
Momento: Pietro/Wesley e Thatha/Thábatta(?) na sala de enfermagem, interagindo com o ambiente.
Momento 2: Prateleira/Alba entra no quarto de senhoras, uma que esta bordando a olha surpresa e diz: Como você esta bonita hoje, minha neta vai casar, estou bordando pra ela.

UTI Adulto. Um lugar que já esta mais do que conquistado. É interessante ver como os médicos e residentes ficam felizes ao ver os Doutores Palhaços/Palhaços, essa relação quase que íntima me intriga e me fascina.
Mais ainda falta um cuidado com os pacientes do local que em algumas vezes estão acordados e conscientes, mas o jogo se fecha de uma maneira tão forte com a equipe do local que eles ficam "de lado".
Momento: Prateleira atendendo o telefone da UTI.
- UTI Boa Tarde.
voz do outro lado -Quem fala?
- Prateleira
E toda a equipe cai na gargalhada.
Momento 2: Prateleira tentando contato com o Sr. Luis, que com olhos rasos d'água se comunica com ela, depois ela desenha pra ele e se despede.
Momento 3: Dra. Paty dizendo que a Thatha(?) esta mais bonita e que sentiu saudade.

Pediatria (A memória me falha). Outro espaço que é cada vez mais conquistado.
Dengo/Leandro e Loloy/Maria Cláudia(?) cantam e fazem bolinhas.
Thatha(?), Pietro e Prateleira cantam e dançam no corredor.

Importante:
Lembrar de equilibrar e dosar a energia, porque começamos com muito e quando chegamos ao último lugar de passagem já estamos um pouco cansados e um pouco do trabalho se perde.
A lógica do palhaço foge da lógica comum e muitas vezes nos esquecemos disso, seja por estarmos cansados ou afobados demais para fazer rir e acredito que nosso propósito não é só fazer rir, mas sim modificar, mesmo que seja com lágrimas ou gritos ou silêncio.

Observar é bom.

segunda-feira, 5 de abril de 2010



Sexta passada, véspera da páscoa. Os feriados de algum jeito ou outro passam a fazer parte da visita, e, como nos relacionamos com espaço e gente, acabamos também entrando no jogo do tema. Para preparação, experimentamos o jogo do zig, zap com novas "regras". A regra nova era....não ter regras tão fixas. Me incomodei um pouco porque refleti sobre o que estamos constantemente conversando. Me incomoda o caos, engraçado...é uma coisa de personalidade mesmo. Talvez eu já conviva muito com ele, e precise de organizá-lo um pouco para me equilibrar. Refletia esse jogo, a nossa problemática atual...que agora, pensando, vejo que o que precisamos mesmo enquanto equipe é encontrar o "caminho de meio" e se acertar nele. Afinal...que "regra" de feriado é essa que faz as crianças pensarem que o coelho pode botar um ovo, ainda mais de chocolate????Os coelhos são mamífe.....tá bom....eu paro gente...funciona né...mesmo sendo surreal...rs.


Qual seria talvez esse caminho? Penso que seja uma flexibilidade maior de todas as partes, a aceitação em relação à condução do trabalho com mais confiança; e, do lado de cá...a aceitação de que uma equipe seja composta de TODAS essas pessoas... que tem opiniões, questionamentos e vontades...e é preciso ter mais jogo de cintura, talvez até ser um pouco pedagoga pra lidar com isso. ( sorriso)


Bom, toda essa reflexão... aquele jogo do início me proporcionou.


A visita foi explêndida ( nossa, muito tempo que não uso essa palavra), exploramos um novo espaço onde havia uma máquina do tempo ( máquina de lavar enorme). Dengo, Gueta, Lolol e Matéria, depois nos dividimos.


Na U.T.I pediátrica, jogamos muito com acompanhantes e equipe, havia apenas duas crianças que tivemos permissão de entrar. O Erik, que está cada vez maior diga-se de passagem...brincamos com as bolhas de sabão, soprando-as pra dentro do quarto, ele ficou receptivo, nem chorou como costumava fazer. O outro menino tinha recentemente sido operado, o pai dele veio conversar com a Lolol...contar detalhes do acidente. Nesses momentos é um pouco difícil manter a lógica e o jogo do palhaço, quebrei...não tinha como manter pela forma como o pai do menino me abordou...depois retomei.


Um momento a ser reverenciado foi na passagem pelo corredor azul, perto da capela, tinha uma senhora com um aparelho de hemodiálise...Lolol e Gueta, literalmente dançaram ballet com a senhora, entre outros danças malucas. Ela sorria tanto, senti muita alegria. Nós pulávamos, cruzávamos o espaço como se fossemos bailarinas de uma grande companhia de dança, e quando nos demos conta, ali estávamos as três...dançando...mesmo ela que carregava o aparelho, se movimentava. Ai ai....pra mim foi um desses momentos - ouro puro.


Fizemos o corredor azul nesse dia, parte do hospital que nem sempre fazemos por ser passagem apenas para nós aos setores que visitamos geralmente. Foi ótimo também, os jogos mais simples costumam funcionar melhor...como um jogo de olhar e virar que estabeleci no corredor com um visitante, ele e o amigo riam tanto...e era um jogo tão simples; me surpreendi.


Pediatria também foi bacana. Senti que alguns quartos foram muitos bons, muito mesmo. E outros nem tanto...discutimos ao final que talvez tivesse a ver com o momento certo de sair, porque nos empolgamos. Por que me parece às vezes mais difícil jogar com bebês? Só cantamos, olhamos, falamos a língua dos bebês...tocamos e cantamos mais um pouco...


Ao final, o Chicão não tinha ido ( feriado) mas conversamos mesmo assim, muitooooooo tempo. Prévia da reunião que acontecerá nessa sexta que vem, valeu a pena. E conversamos outras questões filosóficas também, trazidas pelo Dengo ( versão falante ), tocamos em questões mais profundas, como a lógica do palhaço versus a lógica sem lógica do mundo objetivo que está aí...o olhar do palhaço que se faz necessário para o pediatra clown, uma vez que ele adquire esse olhar..a falta que o trabalho faz por ser um alimento muito nutritivo para que a gente se abasteça e sustente mesmo no cotidiano esse olhar, tão fundamental para nossa sanidade...etc....( não foi exatamente isso o conversado, com essas palavras...estou complementando a reflexão)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Gente, encontrei um blog legal, de um amigo palhaço o Zé Regino, palhaço Zambelê, quem sabe a gente chama o Zé pra dar alguma formação ao grupo.
Quem quiser conhecer, abre aí, é o único blog que eu sigo, por enquanto.

Beijos.