sábado, 27 de julho de 2013

Aquele caminho de sempre...

É bom chegar em um lugar que se trabalha e perceber que as pessoas lembram de você. Comecei a ter meu espaço dentro do hospital. Conhecer pessoas de vários lugares, e jogos se repetir. Não por que eu trago, mas por que nosso público lembra. 
Aquele caminho de sempre que me deixa empolgado. Passando por vários lugares, pegando carona, conversando, cantando, mudando o ritmo de tudo. De perna aberta, ou fechada (só para não engravidar), o caminho para o ouro, das crianças mais lindas do mundo. 
Um bebê que com seus olhos enormes não para de me olhar. Uma criança cheio de tubos que não quer nos deixar ir. Um riso escondido daqueles que são novos ali. Um grande alivio ao se despedir. Um vai e vem atras de água, que sede que me dá. Um quarto que não entramos por que o medo ainda está lá. Passa ET, passa pinto, passa os de branco e até os dos dentes, fisioterapeuta... e minha massagem? A nutricionista não vai mais. QUERO MEU X-BACON!!!!
Olha a hora, atrasados, demoramos de mais. Foi um dia bom, mas ainda não foi o fim. Ai final do dia, encontrei em cima ao muro, minha querida Julieta, sou seu Romeu, fique comigo, já saudade eu sinto, mas espera mais um pouco, ele tem outro Romeu??? Ai meu coração, acho que ele faleceu!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Medo, sucesso e... mais um monte de coisas

Aos 12 dias do mês de julho, do ano longínquo de 2013, há muito, muito tempo atrás, teve início a lenda do urso feroz dorminhoco! Ou do dorminhoco urso feroz. Ou do feroz urso dorminhoco. Não tenho muita certeza. O importante é saber que ele é um... urso! Dorminhoco. E feroz. Muito feroz. Principalmente se for acordado contra sua vontade, por seres humanóides incomodantes. Não só conhecemos a lenda, nesse dia, como o próprio urso. O que posso dizer agora é que foi ATERRORIZANTE! E ver a Cinderela presa na torre, então! Vigiada pelo feroz urso que dormia, dormia, dormia... Bem, vê-la não foi assim "aterrorizaaaaante", foi mais é encantador. Afinal de contas, não é todo dia, a qualquer hora, que se vê por aí a Cinderela, inda mais em sua exclusiva torre aprisionadora! E o urso... pffff.... perder tempo em se amedrontar com um bichão devorador de gente, enquanto, ao invés disso, podia bater um papo com a Cinderela? Quando não tava devorando os vizinhos (pacientes, acompanhantes, tooooodoooos do quarto da frente), ou os passantes no corredor, tava dormindo. E outra! Se ele resolvesse revesar o sono pela comida, enquanto estávamos no quarto, era só sair correndo, que ainda tinha a Cinderela lá, presa na torre, pra ele devorar. Tranquilo. Dava tempo suficiente de fugir. E não sermos devorada/os.
(Esta história se passa do lado de cá do corredor. Do lado de lá, não se sabe.)
Quem estava nessa aventura? Do lado de cá Clotilde, Florisbela; de vez em quando, o Adriel gançando na palhaçada (pra nossa sorte e prazer), a Ana Caroli(na ou ne???) e o Pedro (os dois que se deram mal - por, pelo menos, um ano a frente hehe - de entrar na brincadeira - mas acho que se dar mal, nesse caso, não é ruim, né?). Do lado de lá, em outras aventuras, aquele, chato até no nome, Rilintilin, Rinlintinli, Richantili, Rilintili. Ahhh, um dia ele escreve pra eu ler. E, de vez em quando, o Adriel, a Ana, o Pedro...
Voltando ao encontro com o terrível urso...
Quem nos levou até lá foi ela! Jéssica. Ou será que foi o Pai Paizinho Dela (pra quem não conhece, esse é o pai da Jéssica. Ele prefere que o chame pelo primeiro nome, Pai. Ou de Paizinho, o primeiro sobrenome. Ou Dela, o último sobrenome. Ou de Pai Paizinho Dela mesmo. Importante é saber qual ele prefere. Ele prefere qualquer um.). Analisando agora, acho que não pode ter sido ela, não. Dirige muito mal. Atropela cadeiras. Não sei como aquela Pediatria ainda tá em pé. Saímos de lá e ainda tinham todas as paredes, dá pra acreditar? Já o Pai Paizinho, dirige melhor, tem mais experiência com carteira de habilitação, não erraria o caminho ou o derrubaria. Pra falar a verdade, acho que ele comprou a carteira dela. Aí, em uma dessas lojinhas de R$ 1,99 qualquer, porque ela dirige muito mal, pra .......... valer!
Será que ela tava vigiando a gente pra avisar o urso, quando ele acordasse, que tinha carne nova no pedaço? Pensa comigo: ela foi a primeira que visitamos (ainda na Brinquedoteca), o quarto dela, por mera coincidência de filme de terror, foi o primeiro onde fomos parar, e claro, rapidamente ela estava lá pra nos receber (de novo). Depois... na saída... da Pediatria e não do quarto dela... ainda estava com a gente. E durante todo nosso percurso lá dentro, até a despedida, ELA ES-TA-VA COM A GENTE! Fiquei com medo agora. Não dela ficar o tempo por perto. Até porque, certamente, ela será nossa primeiríssima primeira ouvinte do CD, quando ele for gravado (isso é outra coisa, explico daqui a pouco). Medo eu to é de perceber que talvez ela só fez esse trajeto, porque tava de olho no lanchinho do seu bichinho lindo e apavorante. Pensando bem mais um pouquinho... analisando essa análise feita agora, lembrei que depois que saímos do quarto, logo a Cinderela saiu também. E ficou lá, o resto do nosso tempo todinho na Pediatria, tomando sol pela janela do corredor. Mas cooooooooommmmmoooooooo, se ela estava presa na torre??????????????????? Era a Jéssica. Claro! Como não percebemos isso no dia? Ela permanecia na torre enquanto estávamos no quarto, porque a Jéssica estava lá, vigiando a moça trancafiada. Quando saímos, com a Jéssica nos acompanhando, quem mais vigiaria a torre??? O urso que não era. Tava dormindo e se não tivesse, tava era devorando, não vigiando.
Vamos deixar essa história de lado, porque já ta me tirando o sono. E pesadelo eu não quero ter, muito menos com aquele urso. Vai que quando eu acordar, percebo que é verdade e eu já to é na barriga dele? Sem pesadelo, sem sonho, sem insônia. Vamos todos dormir bem, como o urso comilão.
Tive uma ideia pra isso! O CD!
É só botar pra tocar (quando ele sair, porque vai).
Tudo começou - tudo do CD, não tudo "tudo". Tudo começou - depois de ter começado não vai parar, porque é muito bom, vocês vão ver, aliás, ouvir. Tudo começou - mas antes é importante vocês saberem que não foi nada combinado, é pura criatividade, espontaneidade, veia artística mesmo, coisa boa. Tudo começou - agora vai, se preparem, porque vai ser de arrebentar. Começou com um "tchatchatcha" e um leque na cabeça. Peraí. Antes de continuar tem que ver se o tchatchatcha leque vai ser pintado de prata ou se o tchatchatcha prata na perna do garoto é que vai ser pintado de verde, como o leque, porque tem que combinar pra sair na capa do CD. Vamos cantar/tocar/dançar e ver se ele aprova a música primeiro, depois a gente decide isso. Começa, então, mais uma rodada de tchatchatcha, nesse clima de perfeita harmonia, e ele, o nosso ouvintespectador, engrandece a canção soltando o refrão “cale-se, cale-se, cale-se, assim você me deixa louco”. Uaaaaaaaaaaaaaaaaaaaau! Que gênio! Era o que a música faltava. Já vimos que a gente ia poder entrar mesmo pra banda dele. Somos todos artistas natos. Nós duas (Clotilde e Florisbela) e ele.
Com participação na banda aprovada, seguimos adiante. Saímos por aí, divulgando nossa música, nosso futuro CD, nossa dupla. Opa! Que até ganhou nome artístico, tipo o Zezé de Camargo e Luciano. "RISO E RISONHA". Gostei. Gostou. Todos gostamos. Mas será que ainda muda de novo, tipo o Zezé, antes de Camargo e Luciano? Não importa. Vai bombar igual.
No meio dessa andança de tocança/cantança/dançança, além do nome da dupla, ganhamos aprovação para a gravação do CD. Coisa inicial. Projeto pequeno, só pra começar, lançar a dupla no mercado. CDzinho simples com 54 músicas. Os trabalhos estão adiantados, 4 delas já tem nome! 
1-tchatchatcha
2-tchatchutcha
3-tchatcha tchatchu
4-tchutchu tchatcha
Vocês podem ajudar a gente com os nomes restantes. Faltam só 50.
Quando o CD for lançado já tem muita história pra contar. Só nesse dia, nós conhecemos duas feras! É.... achou que tinha acabado? Na turnê de divulgação do futuro CD sucesso topamos com outro possível ser aterrorizante. Mas esse aí eu não quis chegar perto, não. Vai que é devorador que nem o urso. Conhecer intimamente um por dia já está muito bom! E o que mete mais medo de chegar perto desse aí, o macaquinho azul, é que ele tem um poder de invisibilidade. Mas não é ele que usa não. Ele dá o poder pro garoto, dono dele, usar. Quando a música tava ruim ele sumia, quando tava boa, aparecia. E quando queria só tirar onda com a nossa cara (quase o tempo todo), ele sumia também. No final, a gente ainda não descobre que o menino tem poder de tele-transporte? É mole? Pensa se o macaco invoca de devorar a gente e, dando esses poderes pro garoto, não faz o menino sumir com a gente e tele-transportar pra dentro da pança dele, macaco azul? Aí não. Melhor tomar chá de sumiço e perder da vista do macaco e do garoto. Bora fugir pro corredor do lado!
Ixi! Lá ta todo mundo virando Corintiano. Aquele garotinho e cabelo encaracolado, o tal do Gabriel, que um dia é anjo e sobe e e desce e no outro tem poder de transformar as pessoas só com o toque. Corintiano. Transforma todo mundo em Corintiano. Passou do lado dele, ele não dá moleza. Dá logo uma triscadinha no braço, na perna, aqui, ali, onde puder pra transformar a todos em.... Corintianos.
Bora gente. Vambora que não ta fácil, não. Corintiano é demais. Saí dali todo mundo Corintiano não dá. Pra algumas pessoas, não da, não. Fazer o quê. Vamos embora, então, né?
Mas não é assim, emboooora de tudo. Dá pra fugir rapidinho ali pra... pra... pra onde é que a gente foi mesmo? Onde era aquilo? Sim, no terceiro andar daquele outro elevador, mas... como chama mesmo? O cara eu sei que chama Manoel, mas ele tava, lá onde a gente foi parar, eu não sei não. Por falar em não saber, o que temos que saber agora é nome do CD. Precisamos dar um nome pra ele. Se o CD não tem nome, a gente não sabe como falar o nome do CD pro Manoel. Gostar ele já gostou. Sorriu e piscou que chega. Gravação do CD mais que aprovada!!! Músicas, ok. Nome da dupla, ok. Nome do CD, nada ok... Hummm... quer dizer que teremos que visitá-lo novamente!!!!!!!!!!!!! E novamente. E novamente de novo. Até batizar o CD. Aí, depois disso, nome do CD ok, a gente visita de novo mais uma vez, pra levar o CD, quando tiver gravadinho. Até lá, a gente vai... visitando... visitando... visitando...


Escrita coletiva. Não se sabe a autoria.
Floriscella com Marisbela.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Artesanias e outras folias

Na sexta cinco de agosto fomos ao hospital. Eluhara, Debora e eu como palhaças e o Adriel a paisana. Ainda bem, que se ele não põe ordem nas palhaças, Clotilde fica a vida toda e nem chega na pediatria. Eita vida boa! Obrigada Adriel, pois aprendi brincando com o menino Gabriel que você também veio do céu e do pastel (ixe, falei uma palavra proibida, pois a mãe do Gabriel não pode ouvir falar em pastel!!!!). Mas também tem panqueca, coxinha e o que mais vier...
Desde o momento de retomada do projeto Pediatras do Riso, estive poucas vezes. Foram cinco visitas, duas a paisana e três como palhaça. Na segunda visita como palhaça, tinha ficado muito forte para mim a presença de eletrônicos nos quartos: computadores, vídeo games e celulares em que as pessoas tiravam fotos conosco. Lembro-me da descoberta de dois únicos computadores no mesmo quarto que foi um “prato cheio”. Dessa vez, uma das coisas que mais me chamou a atenção como Vilma ou Clotilde Chiquérrima foram os trabalhos manuais feitos por mulheres, funcionárias ou acompanhantes de pacientes. Desde a chegada ao vestiário agulhas e linhas em tricô e crochê!!! Fiquei pensando nesse passatempo das Penélobes de hoje que aguardam a “alta” de seus Ulisses.  São acompanhantes,  muitas vezes mães, que tecem a sua espera com os pontos de suas agulhas. Encomendei um cachecol que ficará chiquérrimo!!!!!
Chegando a Pediatria, identificamo-nos com a Enfermeira Chefe, chamando-lhe  de “Sua chefe mandou” e soubemos que haviam alguns poucos quartos isolados. Chuvisca, que Clotilde teima em chamar de Chuvisco, ou agora, de simplesmente “Chu”, pois senão a mesma diz que “não responde pelos seus atos” ficou junto com o Adriel com um lado do corredor e Clotilde e Buff, com o outro lado do corredor.

Em alguns momentos realmente algo acontece e se materializa, mas em outras falta ainda tirar “coelhos” inusitados de “alguma cartola”. Buff joga comigo achando non sense ou absurdo,  respondendo  com outro igualmente absurdo. Que lindas as duas mães sorridentes com seus bebês, cada uma em seu castelo. Os super heróis. Um que o menino coloriu e outro como boneco, no travesseiro ao lado do garotinho que estava irritado, mas que nos deu um thcauzinho que foi como um beijo, abraço e aperto de mão.  
Na saída do hospital. paramos diante de um carrinho de sorvetes e a Chu comprou para nós gelinhos. O máximo estar ali numa sexta feira à tarde sentada num banco. Ganhamos também o doce da Magna do setor de esterilização, conhecida internacionalmente em todos os setores do HC. Coisa rica, beber o café cheiroso e ver uma máquina que pareceu-me um secador. Entro cantando e dançando e saio brincando e jogando, embora a exercício da amorosidade seja ainda  em pequenos flashes.
Voltamos para o Campus Santa Mônica de palhaças. A sensação de que iam bater na nossa limosine, como acha Clotilde, ou nave espacial como acham alguns outros palhaços. Não sei se foi Chu ou Buff que comentou do queijo quando passamos em frente ao Teatro Municipal e o motorista se posicionou que esse foi o pior projeto do Niemeyer!  
Essa  visita entrou por uma porta e saiu pela outra, quem quiser que vá na outra....

Ass: Vilma

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O clown e o meu espaço...

14 de junho de 2013.


No caminho para o hospital, como sempre, fiquei olhando pela janela da vã na tentativa de apreender o desconhecido, o que estava por vir. Lembrei-me da ida anterior, quando recomeçamos depois das férias, das dificuldades de retornarmos com o trabalho do hospital depois de um considerável tempo sem praticar a arte da palhaçaria. Acorda Buff! Desisti de pensar. Percebi que não adiantava dar uma de Charles Xavier e tentar prever coisa alguma, apenas me deixei levar. Fiz do vestiário do hospital meu pequeno templo, deixei a pressa de lado e fiz de cada momento um instante sagrado de calma, esqueci o relógio e a ansiedade. No entanto, não me larguei - antes me capturei abrindo bem os olhos, os ouvidos e o coração. Deixei todo e qualquer peso a mais (nesse dia deixei até a bolsinha que a Buff ganhou de presente). Não tive medo da mudança, do inesperado e simplesmente fui. Descobri que é mais leve e gostoso quando não esperamos nada, quando se pensa menos e se experimenta mais. Que o silêncio é essencial, tanto quanto o som. Catei algumas palavras no ar e as repeti dando a elas outro sentido: a certa altura peguei o bonde andando e escutei alguém falar “ser humano” em alguma conversa. Foi um ótimo momento para cumprimentar quem passava pelo corredor através de um “Oi, ser humano”. Achei forte e oportuno, pois no hospital é preciso estar sempre atento ao outro, percebê-lo como igual... Aprendi também que é possível nascer rindo e não apenas chorando. Aprendi isso com a Ri-tinha! A Ritinha é uma garota risonha, como o próprio nome diz. Nasceu para sorrir. Ela riu de tudo, da enfermeira que disse que ela não podia rir quando nos viu entrar no quarto e o melhor sua risada é que ela é eterna , não acaba nunca. Fiquei surpresa e muito contente, quase a convidei para trabalhar com a gente no Pediatras do Riso. Ri-tinha é uma palhaça inata, tem nome de palhaço, riso de palhaço, força de palhaço... Fiquei comovida, tive certeza: o riso é mesmo engrandecedor. Meu coração ficou grande, não coube mais no meu peito. Virou um balão e flutuou pelos corredores da pediatria, pelos quartos... Encontrei então o menino que caiu de cima do seu cavalo Moreno e pensei em todo mundo que de um jeito ou de outro já caiu do cavalo um dia...

Por Débora Helena (com a ajuda da Buff!)